A complexa construção do ninho do peixe recifal endêmico brasileiro Gramma brasiliensis.

A construção de ninho (também chamada de nidificação) é um tipo de comportamento comum na reprodução de vários táxons. Entretanto, este importante comportamento de cuidado parental é raramente reportado por peixes associados a recifes de corais. O presente estudo fornece a primeira descrição da complexa construção do ninho do peixe ameaçado de extinção Gramma brasiliensis. Machos foram observados construindo ninhos usando talos de macro algas ao redor de buracos e depressões em substratos coralinos. Algas foram utilizadas para camuflar a entrada do ninho e formar uma “cama acolchoada” para postura dos ovos.

Comportamento de nidificação do peixe recifal endêmico do Brasil Gramma brasiliensis. Macho guardando a entrada do ninho com a fêmea ao redor.

Comportamento de nidificação do peixe recifal endêmico do Brasil Gramma brasiliensis. Macho guardando a entrada do ninho com a fêmea ao redor. © J. R. Leite.

A construção de ninhos é um aspecto crítico da estratégia reprodutiva do Gramma brasiliensis, então, este comportamento é um fator fundamental para implementação de estratégias de gestão para a conservação da espécie.

A construção dos ninhos começou assim que o maior macho escolheu buracos ou depressões nas partes inferiores das saliências e tetos de pequenas cavernas e começou a agregar talos de algas calcárias que foram coletadas enquanto flutuavam na coluna d’água. Algas também foram utilizadas para formar emaranhados na seção mais profunda dentro do ninho, semelhante a uma almofada para postura dos ovos. Notavelmente, não foi observado Gramma brasiliensis coletando a alga que estava aderida ao substrato. Na verdade, foi observado a ausência de algas na área próxima ao ninho sugerindo seleção ativa.

Ninhos construídos pelo peixe Gramma brasiliensis. O macho usou algas calcárias (Jania spp. e Gelidiopsis spp.) Para camuflar a entrada e entrelaçar as algas na construção do ninho.

Ninhos construídos pelo peixe Gramma brasiliensis. O macho usou algas calcárias (Jania spp. e Gelidiopsis spp.) Para camuflar a entrada e entrelaçar as algas na construção do ninho. © J. R. Leite.

Gramma brasiliensis foi intensamente explorada pelo comércio de ornamentais até 2004 e suas populações foram significantemente reduzida principalmente por causa da poluição ambiental. A perda do habitat também aumentou, e esta espécie é agora considerada “ameaçada” e seu comércio foi banido.

Mais informações (DOI 10.1071/MF17091) ou no PDF – Por Jonas R. Leite , Pedro H. C. Pereira, Eduardo G. Sanches, Rodrigo L. Moura e Mauricio Hostim-Silva.

Agradecimentos ao Projeto Conservação Recifal (PCR)