Pesquisa internacional mostra que os recifes funcionam como ‘escudos’ contra a elevação do nível dos mares e outros efeitos do aquecimento global.  Tudo na natureza está interligado, numa grande rede. Mais uma prova disso é o resultado de um novo estudo, que mostra que salvar os corais pode significar salvar milhões de vidas… humanas! A pesquisa, da organização The Nature Conservancy (TNC), mostra que os recifes de corais funcionam como ‘escudos’ contra a elevação do nível dos mares e outros efeitos do aquecimento global. Estas estruturas de calcário e matéria orgânica reduzem o impacto das ondas nas áreas litorâneas em 97%. Somente no Brasil, são 8 milhões de pessoas protegidas.

“Em todo o mundo, cerca de 200 milhões de pessoas em mais de 80 países estarão em risco se os corais não foram protegidos ou restaurados. Recifes de coral servem como uma primeira linha de defesa contra a força das ondas e das tempestades e a elevação dos mares”, afirma Michael Beck, cientista marinho da TNC.

Corais ajudam a protejer cidades costeiras

Fonte da imagem: Arte O Dia/IG

“A formação dos recifes gera ambientes de calmaria entre a barreira que formam no meio do mar e a orla”, acrescenta Roberta dos Santos, coordenadora do Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O relatório global de redução de risco de desastres da ONU reconhece que alagamentos e ciclones tropicais geram prejuízos cada vez maiores e frequentes. Para impedir alagamentos e ondas gigantes causadas por ciclones, alguns governos optam pela construção de barreiras artificiais. O custo de um metro delas gira em torno de US$ 20 mil, diz a TNC. Já a restauração dos corais custaria US$ 1,2 mil. A estrutura natural é dura como rocha. “E serve de morada para inúmeros animais”, diz Débora Pires, bióloga e coordenadora do Projeto Coral Vivo. “A poluição e a pesca descontrolada estão matando os recifes. A restauração deles é urgente”, alerta Beck.

No Brasil, o ICMBio e o Coral Vivo elaboram o Plano de Ação Nacional para Conservação de Ambientes Coralíneos, que será lançado em outubro e define 18 áreas de trabalho, do Maranhão a Santa Catarina.

Descoberta na medicina

Pesquisa do Coral Vivo, projeto patrocinado pela Petrobras, descobriu espécie brasileira que libera substância capaz de combater a superbactéria KPC, que causa infecção pulmonar hospitalar. A substância, do coral Orelha de Elefante, foi isolada e testada. “Há competição entre milhares de espécies.

Sob a água, ocorre intensa guerra química. Várias espécies vêm sendo testadas contra doenças”, diz a bióloga Débora Pires. O trabalho tem parceria com o Museu Nacional da UFRJ e a Universidade Católica de Brasília.

Fonte: O dia – Vida e meio ambiente