[box type=”note” ]Brasil permitirá a criação de quase 2 mil espécies de peixes ornamentais: No dia 07 de agosto, o ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes, assina, no Rio de Janeiro, uma instrução normativa que permitirá ao País desenvolver a criação de aproximadamente duas mil espécies de peixes ornamentais da Amazônia e de outras regiões, que antes não podiam ser destinadas à aquicultura por falta de matrizes. A nova legislação permitirá a formação de estoques genéticos para a multiplicação dos criatórios. A fase extrativista na atividade dará lugar à produção sustentável, como ocorre em todo mundo. Hoje o comércio de peixes ornamentais, para atender a demanda da aquariofilia, movimenta cerca de 350 a 400 milhões de exemplares por ano, e deste total aproximadamente 90% são provenientes de criatórios. [/box]

Com a notícia que o Brasil irá mudar legislação para voltar a ser líder em peixes ornamentais, o biólogo Diego Zoccal Garcia enviou sua opinião sobre esse assunto.

coleta de peixes ornamentais projeto igarape Fonte da imagem:  Projeto Igarapés

– A mudança na legislação brasileira pretende colocar o país na liderança da produção de peixes ornamentais e permitirá o cultivo de cerca de duas mil espécies Amazônicas e de outras bacias. Espera-se que esta nova legislação dita como “moderna” seja, pelo menos, ambientalmente responsável. Apenas na bacia Amazônica existem mais de 1.300 espécies de peixes, sendo muitas delas com capacidade ornamental. São comercializadas para o mundo todo, e devido à alta diversidade, muitas são vendidas antes mesmo de serem conhecidas pela ciência. Deste modo, nota-se a importância da participação de especialistas de peixes de água doce (sistematas, taxonomistas e ecólogos) para identificação destas espécies na fase de extrativismo para posterior cultivo das espécies permitidas na nova instrução normativa.

Além disso, deve haver controle no número de indivíduos capturados para que não haja sobre-exploração e comprometa as populações naturais, uma vez que muitas delas são endêmicas da região Amazônica, ou seja, só ocorrem naquela bacia. O mesmo vale para a exploração de outras bacias, incluindo a do rio Paraguai, no Pantanal.

ÁGUAS BRASILEIRAS conservação gestão e sustentabilidade Foto Diego Garcia/ Águas Brasileiras: conservação, gestão e sustentabilidade

Cerca de 90% dos exemplares comercializados por ano são provenientes de criatórios, e o Polo de Piscicultura Ornamental de Muriaé (MG) é o maior produtor do país. Nesta mesma região está situada a bacia do rio Paraíba do Sul, onde já foram registradas muitas espécies não nativas (originárias do mundo todo) provenientes de escapes de tanques de cultivo.

Tal evento nos alerta para a ausência de cuidados nestes centros de produção que são precários e os piscicultores desinformados sobre os riscos dos escapes de tais espécies.  Assim, é necessária e urgente a conscientização de piscicultores, comerciantes e aquaristas, além da adequação dos centros de cultivo. Para isto os tanques devem ser construídos afastados de recursos hídricos, e com a saída de efluentes protegidos com telas e filtros. Atentando para estes fatos, o Brasil, com seu alto potencial de peixes ornamentais, poderá atingir a almejada liderança na criação de ornamentais de maneira sustentável, desde que realizada com bom senso.

O que adianta está na liderança, sem estrutura adequada?

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