Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera, o Pantanal Mato-Grossense guarda uma natureza intocável!

Por Wilson Vianna: Com a finalidade de estudar os peixes ornamentais no seu habitat, bem como a biologia que envolve o seu bioma, pesquisadores do Centro de Estudos de Aquariofilia – CEA, entidade filiada a AquoRIO, implementaram uma expedição ao Pantanal Mato-Grossense para trazer as informações obtidas, para o dia a dia dos nossos aquários, para as nossas pesquisas em laboratórios, para palestras em universidades, para publicações científicas, etc.

O Medico Veterinário e Biomédico Andre Barreto, coronel Humberto Lenza, Biólogo Wilson Vianna, Biólogo Carlos Oliveira e o medico veterinário Reinaldo Santana.

Da esquerda para direita: O Médico Veterinário e Biomédico Andre Barreto, coronel Humberto Lenza, Biólogo Wilson Vianna, Biólogo Carlos Oliveira e o médico veterinário Reinaldo Santana.

O local de pesquisa

Paisagem Pantanal Mato-Grossense

O Local escolhido para a pesquisa foi a Baia Siá Mariana, localizada na cidade de Barão de Melgaço, situada à margem esquerda do Rio Cuiabá, a 140 km da Capital do estado de Mato Grosso. Uma região que retrata os encantos e a magia do Pantanal, emoldurado na exuberância de sua paisagem. “Um universo” de águas que refletem o azul do céu adornado por brancas nuvens, centenas de aves em revoadas em busca de alimentos, animais preservando o instinto da vida, sendo, sem dúvida, um perfeito cenário de contemplação da natureza. Águas que segundo os nossas estudos abrigam uma infinidade de espécies de peixes ornamentais, dos mais diversos gêneros e famílias. “O Criador foi muito generoso com aquele ecossistema

A equipe de pesquisadores

Equipe de pesquisadores no Pantanal Mato-Grossense

A equipe de pesquisadores foi composta pelo biólogo prof. Wilson Vianna, o médico veterinário Dr. Reinaldo Santana, o biólogo prof. Carlos de Oliveira e o biomédico e médico veterinário Dr. André Barreto. A equipe recebeu o apoio do piscicultor ornamental, Coronel Humberto Lenza, residente no Pantanal e grande conhecedor das espécies nativas e dos seus habitats, sem o qual não teríamos conseguido o sucesso obtido.

A hospedagem

Numa viagem desta natureza, uma das principais preocupações é o local de hospedagem, que não deve ficar muito longe do local de pesquisa. Nossa equipe ficou hospedada na granja “Recanto da Vovó Rita”, um verdadeiro paraíso, dentro do pantanal, no qual era possível conviver com papagaios, araras, jacus, etc; uma infinidade de aves que nos acordavam, toda manhã, com seus cantos e trinatos melodiosos e, atravessando a rua, avistávamos com frequência o Tuiuiú, sobrevoando as lagoas a procura de peixes e outros animais para sua alimentação. À noite era possível ouvir o rugido da onça na mata próxima, provavelmente espreitando a sua próxima caça.

O Local de pesquisa Pantanal Mato-Grossense

“Recanto da Vovó Rita”

A granja em questão é de propriedade do Coronel Humberto Lenza, que teve a gentileza de nos hospedar, durante dez dias e também nos apresentou os locais onde havia a ocorrência de espécies do nosso interesse, bem como participou ativamente da expedição nossa expedição.

O deslocamento

Chevrolet Veraneio

Humberto Lenza, Reinaldo Santana, Andre Barreto e o Wilson Vianna.

A viagem da cidade do Rio de Janeiro, até a cidade de Barão de Melgaço, foi realizada num veiculo da marca Chevrolet Spin. Foram aproximadamente 56 horas de viagem, com paradas para almoços, lanches, pernoites e para observação de bichos, plantas e águas. O pessoal de revezava no volante. Já em Barão de Melgaço, o deslocamento até os locais de coleta era feito de barco ou através de veículos possante e bem alto em função da necessidade de percorrer terrenos acidentados, brejos, pequenas lagoas, etc. No caso em questão, novamente fomos agraciados com a caminhonete da marca Chevrolet Veraneio, turbinada, do coronel Humberto, veiculo que enfrentava as mais complicadas situações da região.

A coleta

Coleta no Pantanal Mato-Grossense

A coleta era realizada nos brejos, rios e lagoas com auxilio de uma rede artesanal, nas dimensões aproximadas de um metro de comprimento por cinquenta centímetros de largura, sendo que depois de localizado o cardume, cada redada era possível coletar mais de cinquenta espécimes.

Os parâmetros

Equipe de pesquisadores no Pantanal Mato-Grossense

Carlos Oliveira, Reinaldo Santana e Andre Barreto

O mês de outubro, início das chuvas no pantanal, período mais quente do ano, foi aquele que escolhemos para a pesquisa. Na ocasião, nos vários locais que pesquisamos, a água se apresentava na cor de chá. O pH verificado por nós situava-se entre 6.0 a 6.5 , o DH abaixo de 3,0, o oxigênio dissolvido 8ppm e a temperatura entre 27 a 28 graus celsius. Numa nova aferição, realizada no mês de fevereiro, os valores dos parâmetros físico-químicos mostraram números semelhantes àqueles verificados em outubro do ano anterior.

As espécies coletadas

Vários Mato Grosso (Hyphessobrycon eques) e alguns Vesicatrus tegatus, ambos da família Characidae, Ituís-transparentes (Eigenmannia trilineata), além de um Loricariidae e um Gymnotiforme.

Vários Mato Grosso (Hyphessobrycon eques) e alguns Vesicatrus tegatus, ambos da família Characidae, Ituís-transparentes (Eigenmannia trilineata), além de um Loricariidae e um Gymnotiforme.

Foram coletados animais de diversos gêneros e espécies, sendo que o Matogrosso (Hyphessobrycon eques) foi uma das espécies mais abundantes que encontramos na região. Muito embora certas espécies dominassem um determinado biótopo, era possível encontrar sempre, no mesmo habitat, indivíduos de outras espécies, assim, em uma única redada, eram coletados simultaneamente peixes de várias espécies. Cabe ressaltar, no entanto, que na maioria das vezes, nos cardumes estudados, ocorriam indivíduos de vários tamanhos, entre juvenis e adultos, porém os alevinos eram raros, porque, geralmente, formavam cardumes com indivíduos do seu porte, em outros locais, uma vez que a predação e o canibalismo são comuns entre eles, em função da escassez de alimento.

Os animais coletados sempre se apresentavam muito magros, fato que confirma a minha de teoria de escassez de alimento na natureza.

Tal situação já foi observada por mim quando em pesquisa em igarapés e igapós no Alto Rio Negro (AM) e no Rio Madeira (RO).

Segue galeria de imagens com os espécimes encontrados no Pantanal Mato-Grossense

Dr. Reinaldo e o jacaré

Dr. Reinaldo, em face da sua afinidade com os pequenos répteis, tipo: salamandras, teiús, iguanas, etc, achou que poderia interagir com o grande jacaré do Pantanal. No início parecia que a amizade estava dando certo, porém Reinaldo entendeu que a retribuição do grande réptil era na intenção de comê-lo e a amizade logo acabou. Ambos seguiram por caminhos distintos, sendo que Dr. Reinaldo precisou seguir rapidamente.

O Homem do Pantanal

 coronel Humberto Lenza

Coronel Humberto Lenza no Pantanal Mato-Grossense

Cabe registrar a participação excepcional do coronel Humberto Lenza, que nos recepcionou na sua casa e auxiliou em toda a nossa pesquisa, levando-nos aos locais de ocorrência das espécies objeto do nosso trabalho, alertando-nos quantos aos perigos da região, etc. Humberto, além de compartilhar o nosso hobby de aquarista, é um dos maiores conhecedores de peixes do pantanal, assim fica, aqui registrado, o nosso agradecimento.