Dentre os moluscos, há um grupo que se destaca: os cefalópodes. Normalmente desprovidos de concha, eles são predadores ágeis e com olhos muito bem desenvolvidos, e já foram o terror dos oceanos antes do surgimento dos peixes com mandíbula. As sépias são um grupo de cefalópodes com oito braços e dois tentáculos, fazendo parte do mesmo grande grupo das lulas, que é o grupo mais numeroso de Cephalopoda. Confira o vídeo ou veja logo abaixo.

Diferente dos demais membros do seu grupo, as sépias mantêm seus tentáculos guardados em bolsas em sua cabeça, expondo-os apenas no momento da caça, além de terem uma marcante capacidade de se camuflar, alterando a cor e a textura de seus corpos.

Créditos: Randy Wilder;

A Flamboyant Cuttlefish, ou Sépia Extravagante (em tradução livre), conhecida pelos cientistas como Metasepia pfefferi Hoyle, 1885, é natural da Oceania e dos arquipélagos do Sudeste Asiático e é conhecida por ser uma das espécies com maior capacidade de modificação do próprio corpo durante a camuflagem.

Flamboyant cuttlefish no aquário!

Essa espécie consegue alterar a cor e a textura do corpo, aumentando e diminuindo papilas espalhadas pelo corpo para alterar até mesmo sua forma geral e enganar possíveis predadores. Além disso, essa espécie consegue utilizar um par de braços e algumas papilas para “caminhar” pelo substrato, movendo-se de forma mais discreta do que quando nadam. Sendo uma espécie relativamente pequena em comparação com outras sépias, essas habilidades são muito úteis para a sobrevivência dessa espécie, pois dificultam o trabalho de possíveis predadores.

Flamboyant Cuttlefish. Autor: Jenny Huang/Wikipedia

Entretanto, a sépia extravagante tem uma outra característica intrigante: mesmo quando ameaçada, ela demora a fugir, ficando um tempo razoavelmente longo exibindo suas cores em flashes que percorrem todo o corpo. Toda essa coragem tem um motivo: embora seja pequena, a sépia extravagante é uma espécie altamente tóxica, com uma toxicidade comparável à dos polvos-de-anéis-azuis, que já têm acidentes fatais com humanos registrados!

 

Os músculos da sépia extravagante contêm essas toxinas, mas ainda não se tem certeza se os tentáculos e a tinta desta espécie também carregam toxinas, portanto é necessário ter muito cuidado ao manusear indivíduos desta espécie! E nem pense em comer uma delas no jantar…

Interessantemente, essas toxinas são de um tipo totalmente diferente dos outros tipos de toxinas encontradas até hoje, de modo que elas estão sendo estudadas em busca de uma possível aplicação médica para nós, humanos.

Ovos de Flamboyant Cuttlefish. Créditos: Christopher Paparo

Flamboyant Cuttlefish pequeno. Créditos: Christopher Paparo

Flamboyant Cuttlefish filhotes. Créditos: Christopher Paparo

O que nos resta no momento é admirar essa fascinante espécie, sempre mantendo uma distância segura para evitar acidentes!

[box type=”success” ]Artigo enviado por Diniz Viegas, mestre em zoologia pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro, com especialidade em moluscos marinhos. Faça como ele e colabore conosco. Sintam-se a vontade para corrigir, complementar e compartilhar a sua experiência conosco. Utilize o campo de comentários para tirar dúvidas e interagir sobre esse assunto. [/box]