Um entusiasta da natureza pede ao governo para preserva a espécie Betta persephone.

Todo aquarista conhece o Betta splendens, peixe popular encontrado em qualquer loja ou aviário, mantê-lo pode ter sido a primeira experiência de muitos hobbistas. O seu habitat natural são pântanos da Tailândia e hoje em dia ele está considerado vulnerável. É o primeiro passo do caminho da extinção, um alerta para que sejam feitas ações para que seu habitat seja preservado. Felizmente há muitos exemplares em aquários pelo mundo, sendo um tipo de “backup” da espécie. Já o seu parente próximo, Betta persephone, está em maus lençóis. Ele vive nos pântanos de água ácida da Malásia e está ainda mais perto do fim: está classificado como em perigo crítico de extinção!

Betta persephone

Exemplar de Betta persephone. (© Martin Fischer/Wikipedia)

Por se tratar de uma notícia publicada em um site de aquarismo o mais incauto pode pensar que o hobby tem alguma coisa a ver com o mau estado da espécie. Talvez o capturaram demais para colocar em aquários? Mas a triste realidade é que o Betta persephone nunca foi popular e não é encontrado em aquários com tanta facilidade quanto seu parente Betta splendens, está restrito a colecionadores e pequenos criadores. O desafio que ele enfrenta para sobreviver é a urbanização extrema e plantações próximas que estão secando os córregos e regiões pantanosas de turfa onde ele vive.

Um entusiasta da natureza chamado Mohd Ilham Norhakim Lokman encontrou exemplares do peixe no distrito de Muar no estado de Johor, é a única região onde ele existe. Para se reproduzir bem o peixe precisa de um pH de 3.8 encontrado nos córregos onde ele habita. O aquarista que está habituado a fazer testes sabe que esse valor é mais ácido do que a média, até mesmo em comparação com os peixes de habitat amazônicos que se indica o valor mínimo de pH 4.0 e raramente são mantidos em aquários com pH tão baixo.

Betta persephone

Mohd Ilham Norhakim Lokman (à esquerda), fotografado com o membro da assembléia de Senggarang, Khairuddin A. Rahim.

Mohd Ilham acredita que ninguém na malásia mantém um exemplar do peixe que foi retirado da sua localidade original e faz um apelo para que o governo perceba a importância de preservar e reabilitar o ecossistema dos pântanos de turfa. Segundo Mohd Ilham, é muito frustrante ver que um peixe que era tão comum está quase extinto. Ele atribui a extinção à urbanização, as pessoas transformam os córregos naturais em grandes canais de concreto. Outros ambientalistas também fazem um apelo para que a área seja preservada e se torne um polo de turismo ecológico, para que crianças e amantes da natureza possam visitá-la em passeios educacionais.

O Betta persephone é um peixe pequeno, de até 2,6 cm e seu nome é uma referência à mitologia grega. Perséfone é a rainha do mundo inferior descrita como uma bela mulher morena de olhos verdes. O macho é quase preto e tem reflexos esverdeados e a fêmea é amarronzada. Ele está listado na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza desde 1996. Duas décadas depois a situação ainda está crítica. Será que o governo na Malásia finalmente perceberá a importância desse habitat e o preservará? A nós, tão longe, resta divulgar essa espécie pois só podemos preservar aquilo que conhecemos.

Fonte: Malaymail