Doutor em engenharia química, bacharel em física, Gilberto Campello Brasil tinha duas paixões na vida: os peixes e os cactos.
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Revista de Aquariofilia nº5 com a primeira reportagem de Gilberto Campello Brasil no Sudeste da Ásia em busca de plantas aquáticas. (Créditos/reprodução: Marcelo Notare)
Na época, Gilberto Campello Brasil vivia sozinho numa casa na Rua Turiassú, no bairro Barra Funda, na capital. O entusiasmo dele por peixes e plantas era contagiante… o cara era fissurado. A editora Mergulhar dispunha de escritórios e boas instalações na Avenida Paulista e Brigadeiro Faria Lima, mas preferíamos ficar hospedados na sua residência, bebendo cerveja dia e noite diante de um imenso e detalhado mapa do Brasil, a fim de planejar as próximas viagens dele e dos nossos amigos em busca de raridades da natureza. Algumas dessas viagens se tornaram ótimas reportagens publicadas na Revista de Aquariofilia e, posteriormente, na revista HABITAT. Há muitos anos – eu quero destacar – Gilberto Campello Brasil era reconhecido internacionalmente por suas descobertas e publicações em diversos periódicos técnicos e científicos estrangeiros sobre Biologia aquática.
Desaparecimento
Há quase oito anos, Gilberto Campello Brasil desapareceu, misteriosamente. No dia sete de novembro de 2008, um sábado à noite, ele foi visto pelo vizinho saindo de casa para não mais voltar. Até hoje, ninguém sabe de seu paradeiro. A polícia fez investigações e descobriu que ele havia parado num posto de gasolina, abasteceu seu carro, tirou dinheiro em um caixa eletrônico e tomou rumo ignorado. Estava sozinho, como sempre. O meu amigo ictiólogo Wilson Costa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, me disse que, apesar das investigações, não houve qualquer indício sobre o seu destino e que Gilberto Campello Brasil foi considerado oficialmente morto. Houve boatos de que o seu corpo foi encontrado, apenas boatos.
Legado
O que restou de seu acervo, incluindo ovos de peixes anuais, plantas e livros, foi doado pelo seu primo ao Jardim Botânico de Brasília. Gilberto Campello Brasil foi graduado em Física e em Engenharia Química (área na qual tinha doutorado e pós-doutorado). Trabalhou no desenvolvimento de processos industriais e, mais recentemente, no estudo de impacto ambiental de atividades antrópicas diversas. Foi consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e assessor técnico do Ministério do Meio Ambiente. Dedicou-se à aquariofilia desde 1954, e, em particular, desde 1970, aos peixes anuais brasileiros, tendo descoberto diversas espécies novas.
Homenagem
Um gênero de peixes aploqueilóideos foi designado em sua homenagem: Campellolebias (Vaz-Ferreira & Sierra, 1974). A espécie-tipo, Campellolebias brucei Vaz-Ferreira & Sierra, foi por ele descoberta em poças temporárias perto do município de Criciúma (SC).
Gilberto Campello Brasil, o seu trabalho foi Grande. Obrigado por Tudo.